Data de Publicação: 05 de Janeiro de 2015
Artigo escrito por Lucas Aribé (PSB), que foi publicado no Jornal Cinform publicado no dia 5 de janeiro de 2014, sobre a gestaõ municipal.
Recorte do jornal Cinform com o artigo escrito por Lucas Aribé
Cadê a solução?
Lucas Aribé
Estamos chegando no final do segundo ano de gestão e, até agora, diante das inúmeras promessas do prefeito João Alves durante a campanha eleitoral de 2012, não podemos apontar um grande feito da Prefeitura Municipal de Aracaju. A maioria dos eleitores acreditou que João seria a solução para a cidade e o elegeu prefeito pela segunda vez.
Quem não se lembra que ele prometeu, por exemplo, resolver os entraves da saúde em seis meses? O inesperado aconteceu: nos últimos 23 meses, a situação piorou.Os cidadãos, principalmente os mais pobres, continuam sofrendo, sendo muitas vezes mal assistidos e reclamando de falta de medicamentos básicos, ausência de profissionais nos postos de saúde e inúmeros outros problemas de gestão. Também vale lembrar que, durante esse tempo, a pasta da saúde está sendo comandada pelo quarto secretário.
O povo aguarda ansiosamente o início das grandes obras que também foram faladas quase diariamente durante a campanha, a exemplo da avenida Perimetral Oeste (agora JK), o estacionamento garagem sobre o Rio Sergipe, a instalação do BRT, o bairro modelo, etc. Por falar em BRT, ele foi apresentado à população no ano passado, porém os corredores de ônibus ainda serão construídos. Até quando os aracajuanos terão de esperar?
Há de se reconhecer que houve uma melhoria na qualidade dos ônibus, porém nem todos são acessíveis, como determina a legislação; outra boa iniciativa foi a nova estrutura dos abrigos, mas esses ainda não chegaram na zona periférica da capital. Não podemos esquecer das reformas nas praças e a eliminação quase total dos pisos táteis, ou seja, dificultando o livre caminhar das pessoas com deficiência visual.
Outra área pouco lembrada é a acessibilidade. Aracaju apresenta muitas dificuldades no ir e vir de todos os cidadãos, principalmente as pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. Na Câmara Municipal, tenho reforçado a necessidade de colocar essa questão como prioridade em qualquer política pública que seja feita, entretanto me deparo com "nãos" diariamente.
Em 2014, para se ter ideia, apresentei uma emenda para inserir na Lei de Diretrizes Orçamentárias do Município a acessibilidade como uma das prioridades da gestão, o que foi negado pelo Poder Executivo Municipal. Mas, não paramos por aí. Promover acessibilidade vai muito além de construção de rampas - porém, essas são muito importantes -, é propagar o sentido de inclusão das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida em Aracaju. Este sentido parece desprezado pela PMA. Não se fala, não se promove e não se discute acessibilidade.
Construir uma cidade acessível não parece estar nos planos do gestor municipal, e se está, precisa ser apresentado esse plano. Até nas pequenas ações, temos falhas grotescas. As necessidades da pessoa com deficiência e com mobilidade reduzida são tão invisíveis a este ponto?
Quando cobro a construção de uma cidade acessível, não é para essas pessoas apenas (sendo que seria completamente legítimo). Peço para todos: crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, idosos.
Como legislador, não posso executar. Tenho que cobrar, indicar e sugerir. Isso está sendo feito, mas preciso que não seja uma voz solitária no plenário. Em 2013, após oito meses de luta, a chamada “lei da acessibilidade” foi aprovada e sancionada. Todavia, até agora, ela não foi regulamentada e a PMA não se manifestou sobre isso.
Cumpro minha parte de vereador. A Prefeitura deve fazer o mesmo, assumir suas responsabilidades e apresentar iniciativas concretas. Sabemos que, em meados deste ano, foi instalado em Aracaju o primeiro centro-dia, um espaço de socialização para as pessoas com deficiência, mas isso é pouco. O município deve investir na educação inclusiva, proporcionar atividades de lazer, cultura, esporte e turismo para as pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, além de corrigir os problemas de acessibilidade nas calçadas, ruas e demais ambientes que são de responsabilidade da PMA.
Diante de tudo isso e de muito mais que foi circulado pela cidade como ações integrantes do plano de gestão do prefeito João Alves, resta-nos esperar que, a partir do próximo ano, nossa cidade volte a trilhar os caminhos do progresso, do respeito à dignidade dos cidadãos, e que a acessibilidade seja de fato encarada como uma meta prioritária.