Dia a Dia

Rede de Leitura Inclusiva atrai a sociedade civil

Data de Publicação: 21 de Setembro de 2017

Na quarta-feira, 20, aconteceu a segunda edição do Encontro da Rede de Leitura Inclusiva de Sergipe. Um dos eventos mais emocionantes da 5ª Semana Aracaju Acessível, aconteceu no Mirante da Treze de Julho e contou com a participação de diversos parceiros com o objetivo de ampliar as oportunidades de acesso ao livro e a leitura para toda a diversidade humana.

 

Maria Verônica Esteves, de 62 anos, saiu de sua cidade Boquim para prestigiar o evento em Aracaju. Para ela que aprendeu o universo da leitura já na idade adulta, a oportunidade é importante por evidenciar o papel transformador que os livros têm na vida das pessoas, sejam elas com deficiência ou não.

 

“Eu nasci cega e sempre trabalhei na roça para ajudar minha família. Descasquei macaxeira, fiz de tudo. Mas só há oito anos que conheci o braile e isso mudou minha vida. Venho me inserindo no universo da leitura mesmo sem professor, aprendi sozinha. Hoje minha sobrinha também já sabe e vamos construindo juntas”, conta Verônica.

 

Para o vereador Lucas Aribé, a proposta é ampliar cada vez mais as oportunidades de acesso das pessoas com deficiência. “A intenção é demonstrar como a leitura pode ser transformadora em todos os aspectos, a toda diversidade humana. Essa vivência amplia as possibilidades e faz com que as pessoas interagem, se conheçam e fortaleçam o movimento em prol da cidadania”, acredita Lucas Aribé.

 

De acordo com a bibliotecária e diretora de Cultura de Boquim, Maria Caetana, fazer parte da rede de leitura inclusiva é uma oportunidade de gerar conhecimento sem barreiras. “Sempre estamos mostrando às pessoas a importância da leitura, inclusiva para quem é cego. Maria Verônica é nossa leitora assídua, uma devoradora mesmo e fiquei emocionada quando ela foi pela primeira vez na biblioteca em busca de um livro em braile”, afirma.

 

A professora da Universidade Federal de Sergipe Rita de Cacia lançou seus livros com temática inclusiva e acessíveis a cegos e surdos. “A maioria deles vem com um cd com audiodescrição do material e tem braile. Precisamos conscientizar a população sobre o acesso ao conhecimento que deve ser para todos”, coloca a professora que, durante o evento, ainda ministrou a oficina de audiodescrição.

 

Atividades

 

Durante o encontro que durou a manhã e tarde, cerca de 100 pessoas com deficiência participaram das iniciativas de inclusão da leitura. Com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente de Aracaju – SEMA – aconteceu a trilha da inclusão, com obstáculos sensoriais. “Aqui as pessoas são vendadas e aprendem a aguçar e desenvolver os sentidos com a trilha que criamos aqui no jardim e todos são inseridos na realidade do cego”, conta a educadora ambiental Cleudes Santos.

 

No estande da Embrapa, frutos, sementes e ervas medicinais foram expostas na intenção de também fortalecer o tato e olfato das pessoas com deficiência visual. Aconteceram, ainda, oficinas de braile e audiodescrição, rodas de leitura inclusiva com intérpretes e lançamento de livros sobre a temática.

 

Matéria: Raquel Passos

Fotos: Assessoria de Comunicação