Data de Publicação: 25 de Abril de 2016
Cinform - Cultura/Educação
De 25 de abril a 1 de maio de 2016
Com o objetivo de ampliar as oportunidades de acesso ao livro e à leitura para pessoas com deficiência visual e demais deficiências aconteceu, na última terça, 19, o I Encontro da Rede de Leitura Inclusiva de Sergipe.
A Biblioteca Pública Epifânio Dória foi o espaço escolhido para reunir diversas atividades de incentivo à leitura inclusiva, como palestras sobre direitos constitucionais, projetos educacionais, rodas de leituras e oficinas de produção de conteúdo acessível.
Com esse I Encontro, Sergipe agora faz parte da Rede Nacional de Leitura, mobilizada pela Fundação Dorina Nowill, que promove ações de Educação Inclusiva em todo o País. “O nosso principal trabalho é a distribuição de livros acessíveis. Para isso, fazemos a transcrição de livros lançados no mercado editorial e os transformamos em formatos acessíveis, através do sistema de leitura braille, livro falado, livro digital em Daisy, ou em fonte ampliada e fazemos a distribuição gratuita para mais de três mil organizações que temos cadastradas em todo o Brasil”, explica a técnica da Fundação Dorina Nowill, Perla Assunção.
LEI DE INCLUSÃO
O vereador Lucas Aríbé, que possui deficiência visual e é um dos principais militantes da causa das pessoas com deficiência em Sergipe, realizou uma palestra sobre a Lei Brasileira de Inclusão - LBI - com foco no artigo 68.
“O artigo 68 determina que o poder público deve incentivar a produção, edição e distribuição de livros acessíveis, como também em trabalhos científicos. Outro ponto importante é que, segundo a Lei, nos editais de compras de livros para Educação o poder público deverá adotar cláusulas de impedimento às editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis”, destaca.
PRODUÇÃO INCLUSIVA
A realização de oficinas também contribuiu para o movimento em prol da Educação Inclusiva. A oficina de escrita em braille ofereceu os ensinamentos para profissionais da Educação ou interessados.
“Quando a pessoa vai escrever em braile, ela utiliza como molde um aparelho chamado reglete -uma espécie de régua metálica -, é uma escrita manual mesmo. Com uma folha inserida no reglete, a pessoa utilizará o punção para marcar os pontos da escrita. Quando virarmos o papel, as marcas estarão em alto relevo”, descreve a assessora técnica do setor braille da Biblioteca Epifânio Dória.
Além da escrita braille, a oficina de livros artesanais acessíveis promoveu a elaboração de livros sensoriais com a utilização de reprodução de uma literatura ou uma criação própria. Com papel, glitter, feltro, plástico, palito, algodão e diversos outros materiais conseguimos dar forma, textura e espessura aos desenhos e contar uma história”, explica a professora de Educação Inclusiva da Universidade Federal de Sergipe.
Para José Welington dos Santos, de 39 anos, que tem deficiência visual total desde os 18 anos, o livro sensorial impressiona por dar uma noção imagética aos cegos. “Existem coisas que as pessoas normais falam para as pessoas cegas que a gente não consegue ter noção. Através de um livro nesse formato, é possível transmitir uma imagem para o nosso cérebro sobre aquilo que a gente está pegando”, revela.
PROJETOS
Além do I Encontro, a Biblioteca Epifânio Dória também se destaca por ter um acervo acessível com mais de 1.700 livros em braille e audiolivros. Além disso, promove outros projetos, como a Ciranda Braillendo, que existe há dois anos e é realizado toda última terça de cada mês.
“A Ciranda Braillendo é um projeto tanto para professores quanto para pessoas com deficiência visual, onde há o incentivo à leitura em braile. Fazemos diversas dinâmicas que incentive a leitura, a escrita e a socialização”, conta a professora e técnica pedagógica da Secretaria de Estado da Educação.